HÁ SANGUE NAS MÃOS
Adriano Lobão Aragão
há sangue nas mãos
que nem o esquecimento é capaz de lavar
há sangue na memória amputada dos olhos
que testemunharam dores e choques e horrores
nos dedos em riste apontando o anseio pela supressão da vida
há ainda este tempo que nada deixa amadurecer
no entanto há vida
nas mortes que vivem sem explicação
na inútil tentativa de assassinar esperanças
no grito surdo das bocas silenciadas
em todas as formas de amor que resistem à vitória do ódio
há ainda este tempo
Babaçu lâmina: 39 poemas
Organização: Carvalho Junior
São Paulo: Patuá, 2019
poema: Há sangue nas mãos [pág 17]
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